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sábado, 18 de setembro de 2010

Socooooorro!


Peço amor que possam ter a Deus, me socorram!
Estou jurada de represálias por um grupo de alunos de uma escola do Estado, na qual sou merendeira.Parece ridículo que isso possa ser uma verdade incontestável. No entanto é a mais pura e real verdade.
Antes de começar meus lamentos, permitam-me explicar as funções de responsabilidade de uma merendeira em Santo André.
Temos um cardápio a ser seguido religiosamente. Por exemplo:
Na segunda-feira,Pão com margarina e chocolate
Na terça-feira,Puré de batatas com molho de carne.
Na quarta-feira, bisnaguinhas com bebida refrigerada.
Na quinta feira, arroz com molho(Risoto)
Na sexta feira,sopa de macarrão legumes e carne e barrrinhas de cereais.
Isso para cerca de 1200 alunos. Com cerca de 400 alunos a cada intervalo do período da manhã e os demais divididos em mais dois intervalos no período da tarde.Estou sozinha para servi-los,cozinhar, higienizar(dentro do mais rigoroso esquema exigido pelas nutricionistas)receber mercadorias, tomar temperatura antes e durante a entrega dos alimentos, marcar em um documento específico,assim como quantidade produzida e horário.
Quando soltam os anjinhos, meu Deus!É minha hora de morte e vida Severina,Todos querem ser servidos ao mesmo tempo e fila é algo que simplesmente eles abominam e para deixarem bem claro isso, começam por empurrarem-se e colarem-se ao balcão entre gritos de protestos, palavrões e grosserias outras mais das mais variadas formas, as mãos estendidas as dúzias diante de mim, exigindo a ser o primeiro. Nada nem ninguém, consegue fazê-los entender que há necessidade de um pouco de organização.Aí entram as ajudantes de plantão, que acreditam se cada uma ajudarem na distribuição, tudo se resolverá, mas, esquecem que para isso, haveriam de ser uma para cada um dos alunos e não há espaço suficiente no balcão para tanto. E os gritos continuam e os que já pegaram, voltam cortando fila, para a repetição. Eles não querem saber de esperar que os que ainda não pegaram devem ter prioridade, eles querem é já e já terão de servi-los.E a fila cresce cada vez mais e o alimento preparado para os 400, já não dá.Eles comerão até que haja sobra nos pratos e deixam os pratos embaixo das mesas, sobre elas e em qualquer outro lugar, assim como na lixeira.E as ajudantes juntam aos gritos deles, os seus próprios...-Para gente! Tem, para todos, espera gente! entra na fila! Você já pegou espera um pouco.E eu no maior desespero, pois tenho ordens explícitas de meus superiores de não permitir que pessoas não condizentes com as normas estipuladas, entre na cozinha ou sirva a merenda.Tento fazê-las entender que, se estiverem lá fora para controlarem a fila, eu tenho rapidez suficiente para servi-los a tempo e sem contra tempo. Não adianta, pois elas gostam de servir. Têm uma gana colossal por servir a merenda (Todas deveriam tentar trabalhar na merenda ao invés de suas funções para então superar essa compulsão, essa neura...Sei lá que nome daria a isso...)Nesse meio tempo, há aqueles que desistem de ficar na fila e esperam que ela diminua, então, vão pra cantina, gastar seus trocados com alguma baboseira. Quando a fila já se esvai entre tantos desarranjos e a merenda já se foi quase que por inteiro, lá vem a turma da cantina.Esfomeados e sem a menor paciência. Querem e querem já pois ainda não comeram e eu que me vire para servir a eles nos últimos dez minutos ou cinco, quando todos já devoraram o que eu havia feito.Quando alguns ficam sem, sou eu a terrível culpada por tal catástrofe!Porque não fiz mais do que o devido?...Bem, tenho vinte minutos para servi-los...E se não conseguir fazer isso, sou digna do cadafalso.Se tiver de servir 1200 barrinhas de cereais, vou ficar em apuros, pois a conta certa para sair com um mínimo de credibilidade é ter em estoque, 2400 unidades.E isso não significa que todos pegarão cada um duas barrinhas de cereais e sim, que alguns terão nos bolsos ou em qualquer outro lugar, um par de meia dúzia. Terei é claro que justificar aos demais que não conseguiram a mesma quantidade, o não ter mais para que se achem em pé de igualdade.E esse caos continua pelo resto do dia.
Quando são recolhidos as suas salas, me resta prepara o ambiente para os próximos.Quinze mesas imensas em petição de miséria, comida derramada em todos os cantos do imenso refeitório, pratos engordurados jogados nos lugares mais diversos a serem resgatados,panelas, talheres e só eu, para para limpeza e organização...Com os monstrinhos(Temos o pessoal do ensino médio, que já não são nenhuma criancinha e que são até mais perigosos que os de menos idade), Vão-se também, as ajudantes de plantão. (Elas gostam de servir e não de limpeza).Aí corro feito louca para recolher, esfregar, varrer, limpar, juntar e já vem outra turma já batendo e exigindo no balcão e não posso me demorar e se estou com a cara de choro,é por pura má
vontade e se estou de cara feia é de pura preguiça de trabalhar, e se estou tremendo, é puro drama pra não cumprir minha função e se tudo não correr bem, é tudo culpa de minha incompetência e aí, vem as ameaças...Os alunos maiores insatisfeitos por não terem conseguido roubar merenda ou comer tanto quanto lhes dá na vontade,juram me pegar lá fora...Outros só de vingança, ligam pelo celular para a mamãe e numa voz chorosa (enquanto os amigos morrem de rir ao lado)...-Mãe! Estou morrendo de fome e a merendeira não me deu merenda!...Pronto! Estou frita!...Os amigos do lado também fazem côro...-É!...Agente também não comeu!...Detalhe!...Nunca é a sopa, isso não é merenda. A Merenda reclamada é o pão com salsicha, a barrinha de cereais etc.
Já trabalho na merenda há quinze anos e sou ameaçada todos os dias. Tanto por alunos, pais de alunos, direção de escola e seus demais funcionários (Pois acreditam piamente que devo fazer e pedir merenda em quantidade suficiente para que eles mesmos possam levarem pra casa)e por meus superiores que juram que não é difícil ter jogo de cintura para driblar tudo isso sem incorrer riscos de sair das normas.
Eu não tenho poderes para tanto e nem para tão pouco. Sou uma mulher simples, ganhando 600 reais líquido divididos por quinzena(300)Morrendo cada dia mais por tentar conseguir fazer com dignidade o meu trabalho e merecer ao menos respeito.Já rezei a todos os deuses, já fiz promessas milhares delas, para que haja uma solução para os problemas idiotas em que me colocam, para me livrar de riscos desnecessários criados a minha volta, para conseguir o meu pão de cada dia com um pouco de merecida Paz, mas...Tudo tem se complicado cada dia mais e eu já não sei o que fazer antes que enlouqueça ou que algo mais terrível me aconteça por algo tão besta.
Não quero ser mais uma vítima em história tupiniquim de ponta de rua, mas, não tenho outra opção. Já conto 53 anos de vida e estou além dos meus limites. Estou chorando aqui enquanto digito minhas queixas e meu desespero e talvez algum desavisado que venha a visitar essa página de mais um anónimo, pense com seus botões...É apenas mais uma depressiva exagerando seus problemas...Bem, não tenho tempo para esses luxos, mas, bem que gostaria de tê-lo. Quem sabe assim eu viveria um pouco pra mim mesma.Na verdade estou com muito medo dessa gente que me cerca e que tem sêde de desgraça para temperar suas vidas insípidas e que terminem por me usarem por ser tão pouco em suas histórias individuais.Não vai doer nada em qualquer deles mas, vai ser o maior prazer ter essa história pra contar..."A Merendeira que se deu mal"Não importa se sou mais um ser humano, cidadã brasileira cumpridora de minhas obrigações, pagadora de impostos,mãe, servidora, produtiva que se esforça por não pesar em ninguém, sem o menor talento pra fazer ser ou querer o mal de alguém e de boa índole.Isso não conta.
Por isso estou pedindo, implorando socorro! Falar as pessoas sobre meus pesadelos diário,é impossível, pois elas desconversam e descartam toda e qualquer possibilidade de que eu venha a pedir ajuda...Por favor! Se alguém puder me ajudar, me socorram. Não deixem que eu seja morta impunemente!Por favor!!
Mesmo que lhes pareça, não estou exagerando. Eu juro!!

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